segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os vilões da minha infância


















No dia 28 de dezembro de 1992 tinha 5 anos, meu pai ainda morava aqui em casa, meu irmão não parava de chorar nem por um minuto há pouco mais de um ano - e por causa disso minha mãe apresentava sinais de insanidade - e eu estava super feliz porque iria passar para o 2º período e por isso deveria usar uma pasta azul na escola.
Lembro que nesse dia cheguei de manhã e morrendo de sono na casa da minha avó. Antes que a gente adentrasse o portão chega a minha tia dizendo: "A Yasmin morreu." E eu, com toda a minha lógica infatil respondi: "Não morreu não, eu vi ela na novela ontem".
Sei lá porque eu tenho essa cena guardada na cabeça até hoje. Acho que isso tenha sido o maior choque da minha infância. Maior até que a morte dos Mamonas Assassinas. Deve ser porque minha mãe tinha um tio que dizia que quando eu crescesse eu seria parecida com a Daniella Perez (Hã?). Lembro de ver várias vezes a imagem dela lá naquele matagal toda furada. Talvez tenha sido essa a primeira vez que eu me deparei com a barbaridade humana.
Mas por que mesmo eu tô falando disso?! Como o mundo deve saber, há uns 15 dias o Ratinho resolveu ressucitar o Guilherme de Pádua, (co)-assassino da Daneilla Perez. Não vou discutir aqui a falta de ética do apresentador nem a psicopatia do assassino, porque gente muito mais competente do que eu já falou muito, e bem, sobre isso. Na verdade o que me impressiona hoje, do alto dos meus 22 anos (aliás, idade que ela tinha quando morreu), é como esse cara, réu confesso de um crime chocante ficou SETE anos na cadeia e hoje é tratado perante a justiça como um cidadão que não deve nada a ninguém. Além do que, por ele morar aqui em BH eu MORRO de medo de esbarrar nele por ai. Eu juro que se isso acontecesse eu sairia correndo onde quer que eu estivesse. Tenho mais medo dele do que da Bruxa do 71.
E o nosso sorridente ex-caçador de marajás, tá fazendo o que ali em cima?! Descobri outro dia, que a (tentativa de) renúncia do então presidente Fernando Collor de Melo ocorreu no mesmo dia 28 de dezembro de 1992. Por uma mórbida ironia do destino, a morte da Daniella Perez beneficiou o Collor enormemente, já que os olhos da imprensa e da opinião pública ficaram vidrados no cruel assassinato na jovem atriz da Globo.
Lembro-me muito pouco das eleições de 1989, até porque só tinha 2 anos. Mas o que sei é que a minha mãe era Brizolista rocha que acabou se convertendo ao Lula no 2º turno e votou nele pelos 17 anos seguintes. A familia do meu pai, excluido o próprio e um tio com ideias políticas bem bacanas, fazia campanha pró-Collor, tanto que a minha madrinha me deu um adesivo da campanha que eu colei na minha janela e do qual se tirou uma foto que a minha mãe de vez em quando desenterra e me ameaça de chantagem.
Sendo assim, desde que eu me entendo por gente o Collor era o exemplo de Satanás aqui em casa, até porque quando eu comecei a entender mais ou menos o mundo, lá pelos 4 ou 5 anos, foi o auge da campanha Fora Collor! A coisa era tão séria , que a minha mãe que só me buscava mais cedo no colégio quando eu tava a beira da morte, no dia da votação do Impeachment me pegou na aula depois do recreio e me obrigou a assistir a votação, dizendo que aquilo era um ato de cidadania. Problemas de se ter uma mãe jovem estudante de Letras!
Sei lá, pode ser muita viagem minha mas as caras de maluco do Collor e do Guilherme de Pádua são muito parecidas e me dão medo ate hoje. Pior é saber que esses caras tão soltos por ai, um sendo Pastor Evangélico e o outro Senador da República. Acho que vou voltar pra terapia porque os monstros sairam do armário e voltaram a me assosmbrar!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

"Castidade sim, camisinha não!"

Nada contra a castidade, sinceramente admiro quem consegue se manter casto por longos anos, ainda mais quando já experimentou o fruto proíbido. Eu acho extremamente complicado, porém, essa história de defender a castidade e domonizar a camisinha.
O título deste post foi retirado de uma comunidade no Orkut, frequentada basicamente por jovens católicos. Vou cair no maior clichê da humanidade mas não tem jeito: a não ser que @ menin@ tenha uma imensa força de vontade, ao começar a ficar, namorar ou sei lá o que, ele vai avançar o sinal (gente, parece até minha mãe falando!) e vai sentir MUITO TESÃO. E como diria um filósofo pós moderno que nas horas vagas me dava aula de Geografia: "Deus deu ao homem 2 cabeças mas não deu sangue suficiente pras duas funcionarem ao mesmo tempo.".
O que eu acho preocupante é que esses adolscentes vão entrar, querendo ou não, em contato com sexo, muitas vezes sem informação nenhuma, afinal camisinha é o demônio em estado de látex.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Complexo de Anastácia e Drizela

Outro dia no Formspring o Néfer me perguntou: "Chapeuzinho Vermelho, Cinderela ou Branca de Neve?". Pois é, depois de muito pensar, conclui: Anastácia e Drizela.
Não, não sou má. Quer dizer, mais ou menos, mas não saio por ai humilhando as pessoas gratuitamente. Meu grande problema com as heroínas de contos de fadas em geral, e as da Disney em particular, é que eu sou totalmente fora dos padrões impostos e por isso não consigo me identificar.
Pra começar meu porte físico. Morena, olhos e cabelos castanhos, corpulenta (pra não dizer quase gorda), latina, 1.70 de altura, pé tamanho 39. Acho que sou totalmente os oposto das princesas lindas, louras,olhos azuis, magrinhas, pequenas, frágeis, de pés pequenos e delicadas.
Por falar em delicadeza, acho que não sou um poço disso. Adoro um palavrão, sou bem grossa as vezes, perco a paciência com facilidade e odeio gente boazinha. Ponto de novo pras irmãs más da Cinderela.
Nunca sonhei em arrumar um príncipe encantado pra resolver todos os meus problemas. Tá, nisso Anastácia e Drizela discordam de mim. Nesse quesito eu tô mais pra Bela da Bela e a Fera, afinal de contas foi ela que ajeitou a vida do peludo e ainda o transformou em príncipe bonitão.
Sem querer ser planfetária chata, já sendo, esse povo podia parar de colocar esses esteriótipos nas cabeças dessas meninas. Tá, tudo bem, até rolou um princesa negra na Disney (respingos da Era Obama, afinal de contas Sasha e Malia devem ter uma boazinha com quem se indentificar) mas ela virou sapa! Duas minorias. Ironias do destino!


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Maldição feminina

  • Uma das minhas grandes manias é pesquisar sobre crimes famosos. Acho que isso se deve a minha imensa curiosidade mórbida. Já li quase tudo publicado na internet sobre Ângela Diniz, Daniela Perez, Irmãs Poni, etc, etc e etc.
  • Belo Horizonte, quarta-feira 20 de janeiro de 2010. Uma cabelereira é assassinada com 9 tiros pelo ex-marido na frente das clientes e sendo tudo filmado por um circuito interno de TV (muito provavelmente colocado lá pra vigiá-lo). O caso ganha repercussão nacional com direito de bate-boca do Datena com a chefe da Delegacia de Mulheres de BH.
  • Certa vez eu li uma estatística de que 85% das mulheres já foram agredidads de alguma forma (fisica, sexual ou verbalmente) pelo marido, companheiro ou namorado.
Mas por que tô falando isso?!
Simplesmente por causa do maldito ciúme e do desgraçado sentimento de posse aos quais nos todas estamos sujeitas. Milhares de mulheres morrem todos os dias pelo mundo afora porque seus homens acreditam que elas lhes pertencem e que somente por isso têm o direito de controlar suas vidas e de até matá-las.
Muheres são ciumentas? Sim. Possessivas? Com toda certeza. Mas nós temos um problema. Na seleção natural os machos, por serem caçadores, se tornaram maiores e mais fortes. Apenas o porte e o desastre fisico, sem nem entrar no mérito emocional, que uma surra masculina pode causar, amedrontam grande parte das mulheres que se submetem a esses homens que não honram o que têm no meio das pernas.
Pior nisso tudo é saber que por mais que sejam criadas leis para punir a violência contra a mulher, o machismo e a impunidade berram nesses casos. O tal marido da cabelereira já tinha sido denunciado por ela por OITO vezes sem que nenhuma providência tenha sido tomada pelo juiz. Deu no que deu. E agora, o judiciário mineiro vai ser acusado como cúmplice do assassinato?! Deveria.
Quando do julgamento do playboy Doca Street , que alegava legítima defesa da honra ao matar a namorada Ângela Diniz, o poeta Carlos Drummond de Andrade disse "Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras". Todos os dias, milhares de moças são assassinadas de diferentes maneiras mas pelo mesmo motivo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Semanários

Não adianta, depois de 7 períodos de curso eu já penso como historiadora. Durante as minhas intensas pesquisas inúteis no Google (pra mim a maior invensão da humanidade desde o anti-concepcional!) acabei descobrindo dois sites que eu já tinha ouvido falar mas sempre tive preguiça de entrar.
O primeiro e mais legal de todos que eu POR INCRÍVEL QUE PAREÇA RECOMENDO é o da Veja - http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx . Sim a revista é uma merda, de uma parcialidade podre, escrota e todos mais adjetivos pejorativos que existirem, vide o dossiê feito pelo Luis Nassif - http://luis.nassif.googlepages.com/acaradaveja .
Mas como todo e qualquer semanário ela é um retrato da mentalidade da época, sem trocadilhos. É tragi-cômico ver como a AIDS era vista em 1985, numa reportagem bem feita e bem escrita mas que não cita em momento algum a camisinha como forma de prevensão à doença. E isso não é por incompetência do jornalista ou um editor querendo criar pânico. É simplesmente porque, na época, não se tinha a menor certeza de que a camisa-de-vênus prevenia de fato o HIV (conhecido até então como HTVL-3).
Outra coisa bacana que o site preservou foram as propagandas. Empresas que não existem mais com Mesbla, Bamerindos e Transbrasil estão lá mostrando toda a sua força publicitária. Além disso, chama a atenção a quantidade de propagandas de cigarro.
Fica uma dica, só leia as reportagens até o início da década de 1990. Depois disso o que se vê é a boa e velha Veja que nós conhecemos. Dispensável!
O outro link que recomento fortemente é o do Memória Viva - http://www.memoriaviva.com.br/ocruzeiro/ - que digitalizou alguns (poucos) números da revista semanal O Cruzeiro.
Pra quem não conhece, a revista circulou entre 1928 até o final da década de 70 e foi fundada pelo Assis Chateaubriand que, como bem definiu o J.P. Furtado, foi o Cidadão Kane brasileiro. Além disso, ela foi dirigida durante quase 30 anos pelo David Nasser, um cara tão mau-caráter que foi uma das figuras mais interessantes da sua época (e que apanhou do Brizola no Aeroporto Santos Dumont).
Apesar de não ter tantos recursos como o site da Veja, o Memória Viva vale principalmente pelo resgate de um passado, pelo menos pra mim, tão longínquo. O destaque vai pras reportagens super sensacionalistas sobre o Crime do Sacopã e a matéria sobre a morte do João Pessoa inssulflando as massas a tomarem um atitude. Vale a pena.