sábado, 12 de março de 2011

Primavera

Disse no twitter e repito: hoje foi um dos dias mais bonitos que eu já vi na vida! A gente que mora num país tropical, não tem ideia do que é a primavera em lugares frios. Realmente é um renascimento, tanto para as pessoas, quanto para a natureza. São cores, cheiros, sensações maravilhosas. É impressionante a cara de felicidade das pessoas nas ruas, o brilho nos olhos. Estou realmente encantada!
E como a primavera chegou, ainda que extra-oficialmente, as flores começam a brotar de todos os cantos. Acho que daqui a poucos dias as tulipas começam a florescer. É outro espetáculo.
As roupas aqui são incrivelmente baratas. Tenho vontade de comprar tudo, mas né, dinheiro não nasce em árvores. Além do que eu tenho que ficar me lembrando sempre que eu moro de verdade é no Brasil e tenho que comprar coisa que me serão úteis lá. Mas é cada casaco tão perfeito por 10 euros que dá vontade de comprar todos. Até agora só comprei um lá na Suíça. É daqules seper-quentes e aguentou o frio que tava fazendo até semana passada. Agora, a temperatura tá bem melhor e eu já não preciso mais sair com 5 blusas de frio. Hoje fui pra rua de camiseta e casaco. Yey!
Acho que já emagreci uns 4 ou 5 quilos. Minhas calças que antes estavam apertadas ficam cada dia mais frouxas. Continuo com pavor de chocolate e doces em geral e tô tentando, ainda que em vão, me livrar da coca-cola. Meu único problema aqui é pão. Tenho que me controlar, senão como todos que eu vejo pela frente! Tô pensando seriamente em virar vegetariana, veremos o que acontece.
Posso falar? Não sei se são as flores, o clima, a paz, mas o fato é que eu estou feliz pra caramba!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Sobre tudo...

Finalmente minhas aulas começaram. Deveria ter sido na segunda-feira, mas a escola resolveu entrar em recesso pelo carnaval. Falando nisso, é mentira quando dizem que na Europa não existe carnaval. É claro, aqui não é como no Brasil em que tudo fecha e ninguém trabalha. Pelo que eu entendi só as escolas têm férias de geralmente uma semana. Mas nessa fase que tem filhos aproveita para viajar também. A festa é tipo desfile de rua, com uns carros em que umas pessoas ficam jogando balas pra galera. É bem divertido. Depois disso as crianças vão pra casa com os bolsos cheios de doces e os adultos vão pro bar mais próximo encher a cara.
Minha turma de alemão é pequena, só 5 pessoas, comigo. Tem uma mexicacana, um polonês, uma moça de uma ex-república soviética que não consegui entender qual e um menino americano metido a rapper que é um porre de nojento. Sabe aqueles filmes em que o professor idealista vai dar aulas na periferia e tem um monte de alunos problemáticos? Então, o menino parece um deles...rs
Esses dias me deu uma saudade ENORME. Meu coração já parecia calmo, mas não sei se a saudade é tanta que sonho todos os dias com ele ou se porque eu sonho com ele minha saudade aumenta. Ando meio pra baixo por isso, mas vai passar.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Karlsruhe

Meu nome é Gabriela Galvão e eu falo diretamente de um sótão gelado perdido em algum lugar da Alemanha. Drama Queen! Sim, estou morando num sótão. O que não é nenhum drama, já que ele é bem grande. Meu maior problema é que aqui não tem armário e as opções de onde colocar as minhas roupas são precárias. Por enquanto, permanecerão em sacos plásticos. Da outra vez que eu morei aqui, fiquei num quarto normal, no segundo andar da casa. Mas que tinham vários problemas. O maior deles é que TODOS os guarda-roupas da casa ficam lá e todo mundo entrava e saía a manhã inteira. Aqui, apesar de frio, ninguém me acorda!

Em 5 anos, as coisas mudaram muito por aqui. A criança de quem eu meio que cuidava cresceu. Está adolescente com direito a todas as crises. Mas como não é minha filha, eu acho bonitinho. Antes computador, internet e celular eram proibidos na casa. Agora, acho que muito em função dela, eles têm 3 computadores, cada um tem seu celular e o wireless vai chegar aqui em breve. Já têm o roteador, mas ninguém sabe configurar. Graças a deus o mundo evolui!

Meu alemão é beeem melhor do que eu pensava. Entendo muita coisa, mas tenho uma imensa vergonha de falar. Dia 7, em pleno carnaval brasileiro, começam as minhas aulas. Tenho tantas boas lembranças do carnaval passado que eu prefiro não lembrar que isso existe para não ficar triste.

Falando nas minhas tristezas, acho que as coisas vão indo bem. Aquela dor enorme no peito, que parecia que tinham me dado um soco, está passando. Ainda sinto muitas saudades, muito pesar por tudo, mas a cada dia dói menos. Deixei de amá-lo? Provavelmente não. Mas acho que gradativamente estou deixando de sofrer por esse amor. Ainda penso nele mil vezes por dia, mas já não dá mais vontade de chorar.

Meine Gäste Familie vai viajar para Paris semana que vem. Eles ficaram meio sem graça por não poderem me levar, mas estou achando ótimo não ir. Vai ser maravilhoso ficar aqui em paz, sem absolutamente ninguém falando comigo. Just the sound of the silence. Preciso muito disso.

Pensando, pensando, pensando. É só isso que eu faço aqui. Definitivamente precisava dessas férias, de me desligar do meu mundo. Estou em paz, estou feliz!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Basileia Zero grau

Enfim, cheguei. Tá cheguei anteontem, mas não tive forças pra postar. O voo BH-Lisboa foi SUPER tranquilo. Tava vazio, pude vir dormindo em duas cadeiras. Quase 1ª classe. Há que se ressaltar o quanto a TAP melhorou nos últimos 5 anos. Na outra vez que em vim pra Europa, em 2006, era um horror. Os aviões eram velhos, as aeromoças feias e mau-humoradas, serviço meia boca e tv coletiva, daquelas que você tinha que torcer o pescoço se quisesse ver o filme que tá passando. Agora tudo lindo. Tinha até comissário gato! rs Mas o mais legal é que nas tvs, agora individuais, além de poder escolher entre um monte de filme, também tinha a opção de ver séries. E adivinha qual tinha?! Modern Family, minha nova mania. E com legendas em PORTUGUÊS DE PORTUGAL! Adorei saber que pra eles problema é TRETA. E a gente no Brasil fica com essa paranóia (com acento!) de novo acordo ortográfico, enquanto eles lá escrevem do mesmo jeito de antes.
Chegamos à Lisboa e tava até "quentinho", em torno de 15ºgraus. Eu de bota e cheia de roupa quase morri de calor de verdade! E a imigração que eu tava pagando pau, foi super de boa, nem a passagem de volta me pediram. Mas isso eu tenho que agradecer ao meu querido amigo Victor, que mora aqui em Basel, que passou pela imigração comigo e com toda a certeza me facilitou bastante a vida!
Bom, ai pegamos outro avião e chegamos a Zurique. Temperatura: Zero grau e NEVANDO. Dá muito medo quando o avião pousa na neve. Eu sei que o piloto faz isso quinhentas mil vezes por dia, mas eu sou jacu de belzonte. O frio continou, e continua, aqui em Basel, ou Basileia, como queira. Minha boca ta arrebentada, meu nariz tá saindo sangue, mas eu tô muito feliz. Sábado eu vou pra Alemanha onde fico definitivamente até maio. Enfim, férias!
Já coloquei no Facebook as fotos que tirei ontem. A catedral de Basel é MARAVILHOSA. Sou suspeita porque adoro igreja gótica, mas os vitrais e o clima da igreja são fodásticos. Lá estão os restos mortais do Erasmo de Roterdam, não me pergunte por que. Joguei no são Google e ele também não me respondeu. Enfim, o moço tá lá e eu quase tirei uma foto para mandar pro meu amigo @perolasfafich.
Minha aversão a chocolate continua. Até comprei um ontem, mas comi um pedacinho pequeno e só. Vamos ver até quando, mas de todo jeito me peso agradece.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

As malas

Então, viajo amanhã. A última semana foi dedicada quase que exclusivamente a organizar a vida. Passagem, passaporte, dinheiro, roupas, matrícula no curso... Dá trabalho e ele quintuplica se vc resolve viajar de última hora. E nessa confusão toda, faltando pouco mais de 24 horas para eu embarcar, descubro que não tenho malas suficientes. Na verdade só tem uma aqui em casa e nela não cabe nem a metade do que eu preciso. Não sou daquela histéricas que levam o guarda-roupa inteiro quando viaja, mas eu vou ficar 3 meses lá, sendo que pelo menos na metade desse tempo vai fazer MUITO frio. Estou igual louca, ligando pra família inteira tentando arrumar alguma coisa.
Hoje foi o dia do bendito concurso da PBH. Eu fui bem? Não faço a mínima ideia. Não achei a prova cabulosa, mas com tudo que aconteceu na minha vida no último mês, estudei muito menos do que deveria. Tô na dúvida se eu fui muito bem ou muito mal! Só achei paia eles cobrarem várias questões de historiografia sem terem mencionado isso no edital. Pessoalmente pra mim foi bom, poque eu me garanto mais interpretando autores do que decorando parâmetros curriculares sei lá do que.
Estou aliviada em ir. Não sei, meus problemas sentimentais estão mais ou menos resolvidos, ou pelo menos caminham pra uma resolução. É bom ir sem pendências. Como eu sempre disse, em momento nenhum eu quis figir de nada nem de ninguém. Só queria, e ainda quero, um tempo pra mim. Preciso pensar muito na vida. E é bom que esses pensamentos sejam baseados em coisas concretas, não em conjecturas a respeito do que eu acho que os outros pensam. Complexo? Até demais! Mas pretendo que deixe de ser dentro em breve.
Provavelmente, só postarei de novo em Basel, Suíça, minha primeira parada europeia. Pretendo atualizar isso aqui com mais frequência, tentando fazer um blog de viagem. Mas eu conheço bem a minha preguiça e por isso mesmo não prometo nada.
Até qualquer dia!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Here, there and everywhere

Não lembro quem disse isso e estou com preguiça de procurar no Google, mas a vida é feita de chegadas e partidas. E cá estou eu me preparando para uma nova partida.
Desde setembro do ano passado aconteceram tantas coisas inacreditavelmente cabulosas na minha vida, que são impossíveis de eu relatar precisamente aqui. De acidente de carro a pé na bunda, de stress pré-formatura à sindome do pânico, passando pelo infarto do meu pai, foram tantas coisas que nem sei como cheguei razoavelmente lúcida até aqui.
Em janeiro tomei a decisão de ir. Uma fuga, muitos podem pensar. De alguma forma, quem pensa assim tem motivos. Essa resolução foi tomada intepestivamente, depois do pé na bunda que eu tomei, e que jamais imaginaria que tomaria. Mas em meio ao caos instaurado, acho que foi a melhor decisão que pude ter.
Em 2006, quando fui à Alemanha pela primeira vez, ouvi de um cara, o Ivan, um amigo da Márcia que foi me buscar no aeroporto, que estar em um país cuja língua você não entende nada é o melhor lugar para se pensar na vida. Ao final dos 3 meses que eu passei lá, percebi que ele tinha toda razão. Acho que é em busca desses pensamentos, desse olhar a minha vida e das minha relações "de fora", que eu estou em busca.
Dores? Tenho muitas. Saudades? Acho que são e serão infindáveis.Mas preciso de um tempo para mim. Para pensar em tudo, rever conceitos, esquecer coisas, reelaborar estruturas. Estar próxima a pessoas queridas e ao mesmo tempo longe do "meu" mundo. PRECISO DE FÉRIAS!
Esse retorno à Alemanha sempre esteve nos meus planos. É claro que a forma que eu ideializei não era essa. Mas na minha vida nada esteve próximo das minhas idealizações. Vou com o coração aberto. Para viver novas experiências, para reaprender alemão, para saber o que eles pensam sobre Olga Benário e o Napoleão III, para conhecer novos lugares, novas pessoas. É tudo novo de novo.
Me desejem sáude, felicidade e sorte. Do resto eu estou indo em busca!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os vilões da minha infância


















No dia 28 de dezembro de 1992 tinha 5 anos, meu pai ainda morava aqui em casa, meu irmão não parava de chorar nem por um minuto há pouco mais de um ano - e por causa disso minha mãe apresentava sinais de insanidade - e eu estava super feliz porque iria passar para o 2º período e por isso deveria usar uma pasta azul na escola.
Lembro que nesse dia cheguei de manhã e morrendo de sono na casa da minha avó. Antes que a gente adentrasse o portão chega a minha tia dizendo: "A Yasmin morreu." E eu, com toda a minha lógica infatil respondi: "Não morreu não, eu vi ela na novela ontem".
Sei lá porque eu tenho essa cena guardada na cabeça até hoje. Acho que isso tenha sido o maior choque da minha infância. Maior até que a morte dos Mamonas Assassinas. Deve ser porque minha mãe tinha um tio que dizia que quando eu crescesse eu seria parecida com a Daniella Perez (Hã?). Lembro de ver várias vezes a imagem dela lá naquele matagal toda furada. Talvez tenha sido essa a primeira vez que eu me deparei com a barbaridade humana.
Mas por que mesmo eu tô falando disso?! Como o mundo deve saber, há uns 15 dias o Ratinho resolveu ressucitar o Guilherme de Pádua, (co)-assassino da Daneilla Perez. Não vou discutir aqui a falta de ética do apresentador nem a psicopatia do assassino, porque gente muito mais competente do que eu já falou muito, e bem, sobre isso. Na verdade o que me impressiona hoje, do alto dos meus 22 anos (aliás, idade que ela tinha quando morreu), é como esse cara, réu confesso de um crime chocante ficou SETE anos na cadeia e hoje é tratado perante a justiça como um cidadão que não deve nada a ninguém. Além do que, por ele morar aqui em BH eu MORRO de medo de esbarrar nele por ai. Eu juro que se isso acontecesse eu sairia correndo onde quer que eu estivesse. Tenho mais medo dele do que da Bruxa do 71.
E o nosso sorridente ex-caçador de marajás, tá fazendo o que ali em cima?! Descobri outro dia, que a (tentativa de) renúncia do então presidente Fernando Collor de Melo ocorreu no mesmo dia 28 de dezembro de 1992. Por uma mórbida ironia do destino, a morte da Daniella Perez beneficiou o Collor enormemente, já que os olhos da imprensa e da opinião pública ficaram vidrados no cruel assassinato na jovem atriz da Globo.
Lembro-me muito pouco das eleições de 1989, até porque só tinha 2 anos. Mas o que sei é que a minha mãe era Brizolista rocha que acabou se convertendo ao Lula no 2º turno e votou nele pelos 17 anos seguintes. A familia do meu pai, excluido o próprio e um tio com ideias políticas bem bacanas, fazia campanha pró-Collor, tanto que a minha madrinha me deu um adesivo da campanha que eu colei na minha janela e do qual se tirou uma foto que a minha mãe de vez em quando desenterra e me ameaça de chantagem.
Sendo assim, desde que eu me entendo por gente o Collor era o exemplo de Satanás aqui em casa, até porque quando eu comecei a entender mais ou menos o mundo, lá pelos 4 ou 5 anos, foi o auge da campanha Fora Collor! A coisa era tão séria , que a minha mãe que só me buscava mais cedo no colégio quando eu tava a beira da morte, no dia da votação do Impeachment me pegou na aula depois do recreio e me obrigou a assistir a votação, dizendo que aquilo era um ato de cidadania. Problemas de se ter uma mãe jovem estudante de Letras!
Sei lá, pode ser muita viagem minha mas as caras de maluco do Collor e do Guilherme de Pádua são muito parecidas e me dão medo ate hoje. Pior é saber que esses caras tão soltos por ai, um sendo Pastor Evangélico e o outro Senador da República. Acho que vou voltar pra terapia porque os monstros sairam do armário e voltaram a me assosmbrar!